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Em uma das passagens mais misteriosas e debatidas do Livro do Apocalipse, São João escreve:
Então vi tronos; aos que neles se assentavam foi confiado o poder de julgar. Vi também as almas daqueles que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, nem aceitaram a sua marca na testa nem nas mãos. Eles reviveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os demais mortos não reviveram até que os mil anos se completassem. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que participa da primeira ressurreição. A segunda morte não tem poder sobre estes; serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante os mil anos. (Ap 20: 4-6)
Sobre esta passagem, o renomado teólogo Cardeal Jean Daniélou (1905-1974) escreveu:
A afirmação essencial é de um estágio intermediário no qual os santos ressuscitados ainda estão na terra e ainda não entraram no estágio final, pois esse é um dos aspectos do mistério dos últimos dias que ainda não foi revelado.. -Uma história da doutrina cristã primitiva perante o Concílio de Nicéia1964, p. 377
O “estágio intermediário“, de acordo com ambos místicos e Papas, é uma era de santidade triunfante isso é tanto o vindicação da Palavra de Deus e da purificação da Noiva de Cristo para “apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mancha, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5; Ap 27).
Em 6 de novembro de 1927, Jesus mais uma vez nos deu uma janela através do Servo de Deus Luísa Piccarreta sobre o que é essa misteriosa “ressurreição”:
Vim à Terra para ressuscitar o homem do estado de morte, curá-lo, dar-lhe todos os remédios possíveis, fazê-lo retornar ao primeiro estado de sua origem, sabendo que, se ele retornasse à Nossa Vontade, da qual provém, já estaria preparado para ser mantido no estado real de dominação. Além disso, saibam que, para aqueles que vivem ou viverão Nela, os atos que realizei na Redenção servirão não como remédios, mas como felicidade, como alegria e como o mais belo ornamento no palácio real da minha Vontade. —Volume 23
Portanto, é uma ressurreição na Vontade Divina que Adão uma vez perdeu (ver A ressurreição da igreja).
Mas mais do que isso, São João fala de um “reinado… por um mil anos.” Que tipo de reinado? Político? Não, isso é messianismo secular, que a Igreja condena veementemente. O reinado de Jesus em carne como Rei e governante? Não, a expectativa de um retorno corpóreo de Jesus para reinar na Terra tem sido como a heresia de milenarismo.
Em vez disso, Jesus nos diz que é o reinado da pessoa na vontade divina (ou seja, “Fiat Supremo”), que não é apenas obediência (como um servo), mas tomar posse de todos os bens da Criação (como um filho ou filha), de fato, para participar da vida interior da própria Santíssima Trindade.
…àquela que se mantém no estado de origem, vivendo no Fiat Supremo, é devido o estado de rainha, e, como rainha, lhe convém possuir. Ainda mais, visto que ela é uma rainha que vive no palácio real da Nossa Vontade, e, portanto, lhe convém possuir reinos, sóis, céus, mares, e que o próprio Rei viva a vida junto com ela, fazendo Sua rainha feliz, assim como ela faz seu Rei feliz. É por isso que os bens da Criação deveriam ser mais extensos; de outra forma, como poderia ser o seu estado de rainha, se ela não tivesse domínio e reinos para dominar? —Ibid.
Compartilhadores de Cristo
Como cristãos batizados, compartilhamos o ofício de Cristo:
Cristo, sumo sacerdote e único mediador, fez da Igreja “um reino de sacerdotes para Deus e Pai”. Toda a comunidade dos fiéis é, como tal, sacerdotal. Os fiéis exercem o seu sacerdócio batismal através da participação, cada um segundo a sua vocação, na missão de Cristo como sacerdote, profeta e rei. -Catecismo da Igreja Católica, n. 1546
O que é mais “real” do que governar meu próprio corpo vivendo plenamente na Vontade Divina e de acordo com ela? Que realização mais elevada do ofício de sacerdote existe do que trazer toda a criação à ordem e perfeição para as quais foi criada?
Aos seres humanos, Deus até dá o poder de participar livremente de sua providência, confiando-lhes a responsabilidade de “subjugar” a terra e ter domínio sobre ela. Deus capacita assim os homens a serem inteligentes e causas livres para completar a obra da criação, para aperfeiçoar sua harmonia para o seu próprio bem e o de seus próximos. -CCC, 307; veja Criação renascido
Finalmente, que parte mais elevada há no ofício profético de Cristo do que o testemunho profético de alguém que entrou na ordem, lugar e propósito para os quais foi criado por Deus, isto é, para possuir o presente de tomar o seu lugar no Reino da Vontade Divina que a Igreja reza todos os dias no Pai Nosso?
Jesus está vindo, sim, mas somente para reinar em Sua Igreja de uma maneira totalmente nova depois que ela seguir seu Senhor em Sua própria Paixão, morte e ressurreição (A Paixão da Igreja). É o Novo Pentecostes falado por místicos e pontífices; é a “era da paz” profetizado pelos antigos profetas e explicado pelo Pais da Igreja Primitiva, É o triunfo da igreja, conforme proclamado pelos papas.
E parece que é isso ressurreição mencionado por João que será o último passo em direção àquela “ressurreição e julgamento eternos” no final dos tempos.
DIÁRIO DE SANTA FAUSTINA
“Se a alma não praticar a misericórdia de um ou outro modo não alcançará a Minha misericórdia no dia do juízo. Óh! Se as almas soubessem armazenar os tesouros eternos, não seriam julgadas, antecipando o Meu Julgamento com obras de misericórdia” (Diário, 1317).
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